No dia que escrevo este post, já completamos 13 meses em situação de pandemia no país, e sem previsão para se findar. O universo das viagens foi atingido em cheio e os amantes de aventuras acuados em um cenário que parece não terminar nunca. Entretanto, quem disse que para ter o gostinho de lugares diferentes precisamos necessariamente pisar fora de casa? Felizmente existem recursos para amenizar essa sensação de prisão, e um deles são os livros.
Viajar pelos livros
Há algum tempo eu curto livros de viagens, mas o prolongamento da necessidade de isolamento social me fez buscar mais ainda livros desse segmento, como forma de amenizar a abstinência de aventuras.
Vou indicar aqui cinco livros, relatando um pouquinho do que achei de cada um deles. Eu garanto para você que a leitura de um bom livro de viagem vai lhe retirar alguns instantes, talvez horas, do confinamento de sua casa. Isso sem falar que livros de viagens nos inspiram a aumentar nossa lista dos “n” lugares para conhecer antes de morrer…rsrs.
No Instagram eu também costumo postar sobre livros que adquiro ou pitacos sobre os que venho lendo, além de posts das aventuras na prática, claro! ;-). Siga o @embuscadeparaisos lá para acompanhar. Agora vamos às minhas indicações por aqui?
A Incrível Viagem de Shackleton (Alfred Lansing)
A Incrível Viagem de Shakcleton foi originalmente escrito em 1959, vindo a se tornar um best-seller naquele ano. Esse livro foi um achado espetacular para mim, tomei conhecimento dele em 2019.
Aventura do Endurance
O livro narra a história real sobre a tentativa da expedição liderada pelo Sr. Ernest Shackletonde, a bordo do Endurance, de cruzar o Pólo Sul por terra, umas das regiões mais inóspitas do planeta. A apenas um dia do ponto de desembarque, o Endurance fica aprisionado em um banco de gelo e acaba sendo destruído.
Por meses, Shackleton e sua tripulação sobrevivem em placas de gelo até que conseguem iniciar tentativas de retorno à civilização. Por meio de diários e entrevistas com membros da tripulação, Lansing reconstruiu os desafios que a tripulação enfrentou. Embora muitos conheçam o desfecho da livro, ele tem é o tipo de narração em que você se agarra à história como se estivesse vivendo cada próxima cena inesperada.
Expedição extraordinária
O subtítulo “A mais extraordinária aventura de todos os tempos” não é exagero! A história é mesmo impressionante, e o autor teve a grande proeza de transformá-la em um verdadeiro roteiro de filme de aventura. Eu não conhecia a história do Endurance, o que para mim foi uma emoção adicional, mas realmente recomendo a leitura mesmo para quem já sabe da história.
Eu li a versão Kindle e achei super tranquila, já que as poucas figuras contidas nas páginas são em preto e branco. Entretanto, para os amantes do “cheirinho de livro” e folheado nas mãos, na Amazon também tem a versão impressa.
A adaptabilidade da criatura humana é tamanha que na verdade às vezes eles precisavam lembrar a si mesmos que estavam vivendo em circunstâncias desesperadas. No dia 4 de novembro, Macklin escreveu em seu diário: “O dia foi lindo, e é difícil acreditar que estamos numa situação terrivelmente precária.
Livre (Cheryl Strayed)
O livro “Livre” (Wild em inglês) – A jornada de uma mulher em busca de recomeço – uma autobiografia da autora Cheryl Strayed, é daqueles tipos em que o filme equivalente lançado não chega nem aos pés da narração escrita. O filme é bom, e me perdoem os amantes de cinema e fãs de Reese Witherspoon, mas o nível de detalhamento da narrativa escrita é muito mais rico e envolvente.
História de Cheryl
O livro conta parte importante da vida da protagonista, que após várias tragédias pessoais, entrou em um comportamento auto destrutivo. Depois da morte repentina da mãe, a família se afastou e seu casamento desmoronou. Poucos anos depois, sem “nada a perder”, ela toma a decisão mais impulsiva da vida: trilhar sozinha 1.770 km da chamada Pacific Crest Trail (PCT) – percurso que atravessa a costa oeste dos Estados Unidos.
Sem experiência em trilhas
Cheryl Strayed não tinha experiência em caminhadas de longa distância, muito menos conhecimento prévio de equipamento de trilhas. Quem já fez algum tipo de peregrinação ou travessia de longo curso rapidamente se identifica com a personagem. Embora o foco do filme não esteja na trilha, mas sim na transformação psicológica de Cheryl, não há um trekker que não fique com vontade de fazer a PCT, ou pelo menos parte dela, após ler o livro.
Livro de cabeceira
Eu li o livro na versão impressa. Uma vez o emprestei e não me devolveram, mas o livro foi tão significativo para mim, que comprei outro. É daqueles que a gente gosta de chamar de “livro de cabeceira.” Mas ele também está disponível na versão digital.
Eu também já fiz post sobre ele no Instagram. Aproveito para lembrar você de seguir o EBP por lá para acompanhar outros temas inspiradores de aventuras. Se você já viu o filme, leia o livro e veja a diferença. Se não viu o filme, melhor ainda, leia o livro primeiro e saboreie cada linha…rsrs. #dicadadri 😉
Não estava chorando porque estava feliz. Não estava chorando porque estava triste. Não estava chorando por causa de minha mãe ou de meu pai ou de Paul. Estava chorando porque estava plena.
Cem Dias Entre Céu e Mar (Amyr Klink)
Quer navegar com o autor em uma viagem introspectiva em que o céu e mar são suas principais companhias? São as linhas proporcionadas por esse livro do Amyr Klink.
Confissão
Tenho uma confissão a fazer sobre essa leitura: atividades náuticas nunca foram as mais atrativas para mim. Talvez por eu ter nascido longe do mar (Cerrado-DF 😉 ) ou mesmo por causa da minha cinetose braba…rsrs. Contudo, ao ler Cem Dias Entre Céu e Mar, eu tive vontade de aprender a navegar e dar umas remadas solos por aí…rsrs.
Travessia
Amyr Klink percorreu 3500 milhas (aproximadamente 6500 Kms) desde o porto de Lüderitz, na Namíbia, até a praia da Espera no litoral da Bahia, a bordo de um pequeno barco a remo. Eu viajei, sem enjoos..rsrs, na narrativa do Amyr. Desde a descrição do planejamento da travessia, incluindo os perrengues, diálogos com animais e devaneios poéticos em momentos de “solidão”: amei tudo!
Leitura para reflexão
Um dado interessante é que o navegador brasileiro inicialmente não tinha intenção de transformar a aventura em livro. Esse nasceu de registros do seu diário de bordo, o que para mim torna a obra mais genuína. Acho uma leitura muito válida, que leva a reflexão, sobretudo em tempos em que o mundo vem tendo que, forçadamente, aprender “novos modos” de viver, incluindo a necessidade de isolamento social, etc.
Ao redor, tudo era sinal de vida. Gaivotas e aves marinhas de todo tipo, as ondas com quem discutia, pilotos e fiéis dourados aumentando dia a dia. As imensas e amáveis baleias e mesmo os desagradáveis tubarões me faziam companhia… Tudo, menos solidão!”
Um Sonho Chamado K2 (Waldemar Niclevicz)
O subtítulo “A Conquista Brasileira da Montanha da Morte” também não é um exagero, o K2 não só é a segunda montanha mais alta do planeta (8.611m), mas também uma das mais mortais para alpinistas que se arriscam a conquistá-la: é uma montanha tecnicamente muito difícil e de clima imprevisível.
Alpinista Waldemar Niclevick
O livro narra a história de Waldemar Niclevicz, renomado alpinista brasileiro, que foi inclusive o primeiro do Brasil a alcançar o cume do Everest, o mais alto do planeta. No livro, Waldemar conta com bastante detalhes a saga do projeto de conquistar a segunda montanha mais alta do mundo, entre outras acima de 8.000m que foram alcançadas dentro do projeto.
Conquista brasileira
Ressalto que mesmo para leigos no alpinismo (meu caso), o livro tem uma linguagem bastante acessível e fluida, envolvendo até aqueles que nunca colocaram nem o pezinho em uma montanha. Por vezes me senti uma brasileira na torcida para mais uma conquista nacional: sem spoiler, já que o título do livro informa isso.
Amante do montanhismo
Eu sou uma amante de montanhas e da prática de montanhismo. Quem me acompanha já percebeu essa paixão por meio de várias declarações. Mas sou apenas uma reles praticante de trekking, assim, por meio da leitura, eu pude sentir um pouquinho do que é o montanhismo profissional e toda disciplina requerida e emoção e dificuldades envolvidas. Uma dedicação que infelizmente às vezes custa vidas. Assim, cresceu ainda mais meu respeito por esse tipo de aventureiro.
Fotografia
O livro tem fotos lindas das expedições que envolveram essa conquista, por isso indico a aquisição do livro impresso.
…Que o homem realmente não é feito apenas do seu próprio corpo, mas, acima de tudo, de espírito. E lá em cima eu me dei conta de quanto é importante a parte espiritual. A parte com que menos, até agora, eu havia me preocupado, e com que todos os homens se preocupam de menos.
Um Lugar na Janela (Martha Medeiros)
Para não dizer que só falei de livro de aventura raiz, vamos finalizar com um livro mais “suave”. Antes de ler este livro, eu já curtia os textos da Martha Medeiros. No livro Um Lugar na Janela – Relatos de Viagem, a cronista nos faz viajar por meio de várias histórias de viagens no Brasil e fora do país também.
Não é um livro de dicas
Adianto que, embora seja um livro de viagens, você não encontrará dicas de destinos ou roteiros. O foco do livro é em situações, experiências, histórias engraçadas e aprendizados vivenciados pela autora em diversas viagens. O mais importante são as mensagens: conhecimento, descoberta e liberdade, etc. que quase todo viajante busca experienciar.
Criatividade
Viagens sozinha, acompanhada, em grupo, mochilão, cada história tem um pouco da autora. Em uma narrativa leve (prometi que esse era mais “suave”), Martha prende atenção do leitor nos pequenos detalhes, incluindo títulos criativos. Para os mais sensíveis como eu, é possível tirar lições de vida também.
Indicação
O livro não tem fotos, então pode tranquilamente ser lido na versão digital, inclusive foi o meu meio de aquisição. Para quem gostar dessa leitura, o livro Um Lugar na Janela 2 já foi publicado também, embora não possa falar sobre ele, uma vez que não li ainda…Está na “pequena” fila aqui…rsrs.
Se você não faz idéia em que ponto do mapa fica o local para onde está indo, não tem a mínima curiosidade sobre a cultura do lugar, até desconhece o idioma falado, não viaje. Se você está fazendo as mala sob coação, pois sua mulher o ameaçou com o divórcio, faz bem em ter juízo, vá com ela. mas, fora algum outro caso assim extremo, não viaje. Não é obrigatório. Não assegura uma vaga no céu. Viajar é para quem tem espírito desbravador, mas se você não tem, não tem.
Se interessou por algum livro? Entre nos links e veja as descrições de cada obra, ou compartilhe com um(a) amig@! Caso sua lista de leitura já esteja bem grande (rsrs), eu sugiro incluir os livros no seu carrinho da Amazon. Periodicamente os livros aparecem com um descontinho bom e você será avisado disso ao fazer uma visita ao site em outro momento. Eu sempre faço isso! o/
Ja leu algum deles? Então me conta nos comentários ou lá no Instagram o que achou! E se tiver a dica de outros livros, pode sentar o dedo no teclado e me mandar também…hehe
3 Comentários
Há também os livros do Elias Luiz do Portal Extremos. Conhece?
Olá, James. Tudo bem? 😉 Conheço sim. Já li três livros dele: o Tour du Mont Blanc, Rocky Mountains e Kungsleden. O Tour du Mont Blanc inclusive me ajudou com informações para fazer o trekking em 2019. Quando eu tiver oportunidade, vou postar sobre esses livros também. Valeu pelo comentário!
Abraços,
Adri
Gratidão Adri!
Um abraço, James