Com certeza você já ouviu a frase: “…se der medo, vá com medo mesmo…” O danado é encarar a “dica” à vera! Se você leu o post do 5º dia do Tour du Mont Blanc, perceberá que relatei um dia maravilhosamente lindo. Para o 6º dia de trekking do Tour, a previsão não prometia “bons ventos”.
Travessia para a Suíça
Na trilha do dia, teríamos mais um movimento simbólico do trekking do Tour du Mont Blanc: sair da Itália e entrar na Suíça. Além do desafio altimétrico do dia, havia previsão de chuva, e essa, combinada com os trechos que enfrentaríamos no início do trekking, “esfriaram a espinha”.
Na verdade, já havia chovido a noite inteira e o dia já amanheceu fechado e com mais chuva intensa. Nos preparamos para a trilha com anorak, capas, etc., mas a dúvida bateu. Sair na chuva mesmo enfrentando a ascensão de 475m, partindo do Rifugio Elena até o Grand Col Ferret (2.537m), ou esperar o tempo melhorar?
Nessa situação, parecia mais prudente esperar, já que a descrição para esse trecho no guia era de que a trilha seguia por encostas, em voltas e reviravoltas, e sugeria muito cuidado, já que um deslize poderia levar ao circo profundo logo abaixo. O cagaço bateu!
Entretanto, o “esperar” levava a outros riscos. Vários trekkers foram saindo e havia a chance de o tempo não melhorar, e assim sairmos mais tarde, com menos pessoas na trilha, perdendo um certo conforto psicológico de termos mais companhia para enfrentar o perigo. Além do risco de chegarmos mais tarde em La Fouly (1.600m), nossa parada do dia.
Depois de prontos, Emerson olhou para mim e peguntou: E aí? Eu não pensei muito, o instinto falou: Vamos!
Também é interessante relatar que a alternativa para “pular” esse trecho requer a tomada de dois ônibus. Isso é apenas uma curiosidade, eu não tinha a menor intenção de usar esse recurso.
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Ataque ao Col Grand Ferret
Iniciamos a temida subida embaixo de chuva, sobre lama e pouca visibilidade. Eu conseguia ver trekkers no curso do zigue-zague acima, mas só por conta do colorido das capas de chuva das mochilas…rsrs. O coração acelerou muito na primeira hora de subida: fôlego e medo. Fomos devagar, seguindo o passo da maioria que também seguia no ritmo mais cuidadoso. O trecho em single track, com lama e chuva constante, exigia cautela de todos.
Aos poucos, a chuva forte foi cedendo. As montanhas ainda estavam tomadas de nuvens, mas o cenário não deixava de ser lindo na vista do lado italiano. Na próxima foto é possível ver pequeninos trilheiros subindo pelo percurso e a vista ao fundo. Um pouco menos tensa, eu consegui gravar um vídeo desse ponto, mais tarde postei no Instagram inclusive: @embuscadeparaisos.
Ao chegarmos ao Grand Col Ferret, estávamos oficialmente entrando em território suíço. Uma camada pesada de nuvens invadia o vale já no lado da vista para Suíça. Eu me lembro perfeitamente do sentimento nos minutos que passamos no Col. Eu senti uma tranquilidade, uma paz, uma certeza de que dali para frente seria mais tranquilo, independentemente daquelas nuvens ameaçadoras. Abri os braços e agradeci a beleza apresentada a mim naquele momento.
Clima Suíço
Dali para frente, a rota segue em uma grande curva através do vale. Mas quando começamos a visualizar a Fazenda La Peule (2.071m), a descida vai ser tornando um pouco mais íngreme. Também conseguíamos identificar muitas rotas ao longo do vale. Foi difícil evitar de pensar qual seria nossa direção.
Ao chegarmos à edificação da La Peule, resolvemos entrar para um café. Ali também havia uma bandeira da Suíça, oficializando nosso novo solo europeu de trekking. Desse ponto em diante, já percebemos alguma mudança cultural e monetária. Por exemplo, o clima de fazenda, vaquinhas leiteiras nas proximidades e preços estampados em Francos (embora aceitassem o Euro tranquilamente).
Checamos o guia e as placas para seguir a rota tradicional do Tour du Mont Blanc. Seguimos, e a trilha descia o vale em zigue-zagues até uma ponte. Alcançamos uma estrada e fomos em direção a vila de Ferret (1.700m).
Chegando em La Fouly
De Ferret até La Fouly há a opção da trilha tradicional e pela estrada. Não preciso nem dizer que tomamos o caminho da trilha, né? Um gostoso percurso de cerca de 2,5km em declive (110m).
Passamos por uma ponte sobre o Rio Merdenson, entramos em um caminho tranquilo por um prado. Depois desse trecho, veio ainda mais trilha agradável, dessa vez em torno de encostas e com belas vistas. Atravessamos mais uma ponte, sobre o Rio La Drance de Ferret. Após mais 1km, chegamos à charmosinha La Fouly.
Encontramos o albergue em uma encosta acima, acessado por uma rampa. Ele ainda estava fechado, pois chegamos relativamente cedo. Assim, decidimos ir até a vila encontrar um lugar para comer. Merecíamos, afinal, o dia tinha sido mais um emocionante.
Sentimos no bolso mais um “pouquinho” da mudança. Tudo é extremante caro em terreno Suíço. Consideravelmente mais caro em relação à França e Itália (que estão há poucos quilômetros). Mas, quem converte não se diverte, né? Então fomos do tradicional prato suíço: batata rosti. Um detalhe: a garçonete, educadíssima, falava inglês, francês, italiano e mais o que o cliente precisasse. Gente, é caro, mas é outro mundo mesmo! Não estou dizendo que seja melhor, ou pior, mas de fato é outro conceito.
Trecho realizado em 19 de agosto de 2019.
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